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Cintilando e Causando Frisson Questões sociais

João do Rio profissionalizou a atividade jornalística, inovou na crônica, trazendo para ela a reportagem e o olhar etnográfico. De família abolicionista, pai republicano e positivista, sua obra exibe abundantemente profundo senso de justiça e irresignação diante da exploração e do aviltamento.
Mas as marcas de origem que portava devem ter contribuído para a sua ânsia por ser aceito e por distinção, como por certa ambivalência e mesmo contradição: tanto retrata populares com sensibilidade, como reproduzindo os mais terríveis preconceitos da época. Ele próprio de ascendência negra e sofrendo desqualificação em razão disso, como os demais no seu tempo não se reconhecia enquanto tal. Ora se afirma como civilizado, ora se diz filho semibárbaro da América; se critica o esnobismo, também abusa dos estrangeirismos.
Ainda em 1910, antes da divulgação pela imprensa das rotinas de espancamentos, estupros e toda a sorte de violência psicológica e física que marca a dominação masculina, ele a reconhece e denuncia: “A totalidade dos cérebros masculinos não pensa no outro sexo sem um desejo de humilhação sexual”.
Defende a emancipação da mulher, os direitos trabalhistas, o direito de greve e tem páginas tocantes sobre a luta do trabalhador por melhores condições de vida, como a crônica “Os humildes”, de 23/05/1909, sobre “a greve do gás” e as condições de trabalho dos operários nos fornos do gás na cidade, as mortes abundantes e anônimas dos trabalhadores, muitos deles ainda crianças.

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