Miss Travesti Eixo 5 - Les Girls - o grande marco no Rio de Janeiro
Les Girls – o grande marco no Rio de Janeiro –
No final de julho de 1964, surgiram as primeiras notas na imprensa carioca anunciando a preparação de Les Girls. No dia 29, Eli Halfoun, no jornal Última Hora, noticiou o trio responsável pela criação do show: roteiro de Mário Meira Guimarães; criação musical de João Roberto Kelly e direção de Luís Haroldo.
Em 5 de dezembro, a estreia se consumou, conforme anúncio estampado no jornal O Globo. Ainda no dia 5, houve uma jogada de marketing inteligente: o Jornal do Brasil publicou pequena reportagem divulgando que a renda obtida na noite de estreia seria revertida para as ações das Irmãs Vicentinas, como de fato aconteceu. Inteligente porque associava o trabalho artístico de oito travestis a uma ação beneficente direcionada a um asilo mantido por aquela ordem religiosa.
O show, que se tornaria sucesso permanente de público e crítica ao longo dos onze meses seguintes, foi composto pelas travestis Rogéria, Valéria, Marquesa, Brigitte de Búzios, Manon, Nádia Kendall, Wanda e Carmen. Ainda atuavam os atores Jean-Jacques, Carlos Gil, Jerry di Marco e Jardel Mello. O espetáculo era aberto com uma música iniciada com estes versos: “Les Girls, oh, Les Girls / ôôô, Les Girls / Les Girls é ter charme / Touché / Se pôr de bem todo dia / Les Girls é amar, é beber / É ser sexy, sexymania / Sou Les Girls / Sou Les Girls.”
Para Jorge Villar, de O Jornal, em maio de 1965, “LES GIRLS, o show travestido do Stop, continua em cartaz e ainda desperta curiosidade do público do Rio. O espetáculo […] é dos melhores, no seu gênero, sendo mesmo, na opinião de muita gente viajada, superior a alguns do estrangeiro.” Após a temporada do Rio, a trupe excursionou por São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Montevidéu.