Para lembrar Cazuza
Por Émerson Rossi*
Hoje, lembramos o nascimento de Cazuza, que foi um artista bissexual – cantor, compositor, letrista e poeta, que ficou famoso primeiro como vocalista da banda Barão Vermelho nos anos finais da ditadura militar e depois seguiu carreira solo. Nos anos 1980 e em 1990 a trajetória de Cazuza foi permeada por sua grandiosa interpretação musical e poesia, mas também por seu adoecimento pela AIDS, contra a qual ele lutou com alguns dos melhores recursos disponíveis à época. Infelizmente, as complicações decorrentes da doença o vitimaram em julho de 1990.
Em 2004, sua biografia foi reavivada em mentes e corações pelo bem-sucedido filme nacional “Cazuza – O tempo não para”, que representou um Cazuza “maior abandonado”, “exagerado”, para quem o “tempo não para (va)”, que “viu a cara da morte e ela estava viva”. Quase uma década depois do filme, também foi lançada uma peça de teatro “Cazuza – Pro dia nascer feliz, o musical” que percorreu o Brasil representando sua trajetória “vida louca, vida breve” e seus sucessos musicais. Nos artefatos culturais que o focalizaram, tivemos representações que nos forneceram uma noção do que foi conviver com o jovem adulto Cazuza e sua irreverência diante do que estava posto nas configurações sociais em que ele viveu.
Essenciais no processo de sempre manter nutrida a memória de Cazuza foram seus pais, em especial a mãe, Lucinha Araújo, que, assim como lutou pela saúde e pela vida do filho com os recursos que o casal dispunha, buscando os melhores tratamentos à época, também garantiu a manutenção de seu legado e memória dentro e fora da música brasileira. Após a morte dele, até o ano de 2020, ela manteve a ONG Sociedade Viva Cazuza, que prestava assistência a crianças e jovens soropositivos, sediada no Rio de Janeiro. Além disso, os livros de Lucinha são parte fundamental da visão que temos disponível sobre a subjetividade do poeta e suas interações na vida cotidiana.
*Émerson Rossi é secretário de relacionamento e projetos do Museu Bajubá e coordenador da Estação São Paulo do museu.
Fotos:
1. O cantor Cazuza durante apresentação. Disponível em Wikimedia Commons: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cazuza_ao_vivo.jpg
2. Simone e Cazuza, 1988. Autor: CAFé Simone Pedaços. Disponível em Wikimedia Commons: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cazuza_flickr.jpg
3. Cazuza, cantor brasileiro, em entrevista na TVE em 1988. Disponível em Wikimedia Commons: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cazuza_fala_%C3%A0_TVE-RS_em_1988.png
