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Miss Travesti Eixo 1 - Shows e montações nos anos 1950

Shows e montações nos anos 1950 –

De modo geral, as práticas de montação ainda são um campo pouco pesquisado. A montação pode se constituir como uma forma de homenagear o sexo oposto por meio de uma operação de conversão e transformação estético-artística da qual resulta uma personagem de caráter paródico associado a certo tom de humor (deboche, sarcasmo, galhofa, ironia…) e ludismo. Tal prática converge para eventos de naturezas diversas, como concursos de miss travesti, shows em casas noturnas, desfiles, apresentações teatrais, performances públicas.
No Brasil, desde o século XIX, essa forma de exposição artística foi praticada, intensificando-se ao longo do século XX (nos anos 1920 e 30, Darwin, Aymond e Fátima Miris eram grandes artistas da arte do travesti). A partir de 1953, Ivaná se tornou a grande referência para o que ficou conhecido como ‘travesti artístico’ (categoria utilizada para se dissociar, naquela época, do travesti como identidade de gênero – assim mesmo, no masculino, como foi utilizado até o início dos anos 1990 –, amplamente relacionado a diversas formas de suposto desregramento: prostituição, criminalidade, marginalização social, exploração sexual).
A escalada de sucesso de Ivaná não é solitária, embora seja considerada a mais relevante. Todavia, vale a pena apontar pelo menos alguns outros artistas. Em 1950, Carlos Gil já era anunciado como “caricaturista do belo sexo” em um anúncio de divulgação de carnaval na boate Acapulco, no Rio de Janeiro; em 1953, como transformista no espetáculo teatral Banana não tem caroço; em 1955, como um dos mais perfeitos imitadores de Carmem Miranda. O bailarino e cantor carioca Ronaldo Crespo excursionava pelo país e aportou, em Belo Horizonte, em diversos momentos a partir de 1952 até os anos 1970. Há ainda o pernambucano Mendez, que se fixou no Rio de Janeiro, na segunda metade dos anos 1950, fazendo imitação da cantora Leny Eversong e formando uma legião de fãs.