Por Thiago Soliva

Anuar Augusto de Farah y Jaber nasceu em Campos dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1939, em uma família de sete irmãos. Era filho de uma família de comerciantes de origem árabe que pertencia às classes médias e altas da sociedade campista A história de Anuar Farah se parece com a história de outros, que, assim como ele, saíram de suas cidades de origem, geralmente cidades interioranas, em busca de maior liberdade e possibilidade de existência.

Ele chegou no Rio de Janeiro em 1959, acompanhando um grande amor. Tratava-se de um jovem alemão chamado Peter. Havia dito aos seus pais que iria para o Rio de Janeiro para estudar. Morou em diferentes bairros da capital carioca, como o Centro e a Tijuca, mas decidiu se fixar em Copacabana. Considerada o sonho de consumo das bichas nas décadas de 1960 e 1970, a Copacabana de Anuar oferecia amplas possibilidades de lazer e entretenimento, como a Bolsa de Valores (faixa de areia na praia em frente ao Hotel Copacabana Palace), o fervo das Avenidas Nossa Senhora de Copacabana e Atlântica (com seus cinemas e cafés) e os famosos encontros com amigos em apartamentos que levariam a formação das turmas de bichas e bofes e a confecção dos jornais artesanais. 

Anuar pertenceu a Turma do Snob. Por lá, seu nome era “Bianca Marie”. Com esse nome, Anuar era responsável por uma coluna no pequeno jornal, com entrevistas realizadas com personalidades do “mundo entendido”.

Anuar editou diferentes jornais artesanais, como Le Femme e Gente Gay. Ele fundou a Associação Brasileira de Impressa Gay (ABIG). Criada em 1967, tratava-se de uma associação formada pelo conjunto dos jornais “entendidos” existentes. A sede da ABIG funcionava no seu apartamento, em Copacabana.

Como membro da Turma OK, Anuar foi presidente da associação por muitos anos. Na década de 1980, ele foi central no processo de institucionalização do grupo e pela conquista da sede própria, na Lapa, no centro do Rio de Janeiro. 

A história de vida de Anuar constitui uma história de luta e resistência. Falecido em 01 de julho de 2015, ele deixa um legado inquestionável à história das dissidentes sexuais e de gênero.

Obrigado por tanto, Anuar Farah!

Crédito da imagem: Anuah Farah em momento de íntima descontração. Oriunda do perfil de Orlando Almeida, no Facebook  https://www.facebook.com/share/R7KQ4zuTNWg1nWNA/?mibextid=WC7FNe

Para saber mais sobre a atuação de Anuah Farah: