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Babados da hora

O Passeio Público e o descaso da administração municipal com a história

As maravilhas do Rio, a cidade da vergonha 
Os parques públicos históricos da cidade (Passeio Público e Campo de Santana), por não se localizarem na bronzeada Zona Sul, seguem totalmente abandonados pela Prefeitura, agravando a sua deterioração. Mendigos, muito lixo, árvores dominadas por vegetação parasita que as matam lentamente, equipamentos públicos destruídos… 
São dois espaços que frequento com certa assiduidade. O Campo de Santana já nem tanto – desisti, revoltada, duma indignação impotente, ao ver tanto descaso… 
No Passeio Público tenho ido com mais assiduidade, decerto por ser caminho para o Parque Lota Macedo Soares (vulgo Aterro do flamengo). Estive ali outra vez no último domingo, dia 28/12/2014. As cenas que assisti me agrediram muito profundamente. 
Para quem não sabe, trata-se de uma obra da segunda metade do século XVIII. 
Pois ali assiti moradores de rua fazerem fogo e cozinhar em latas sobre os paralelepípedos que os arqueólogos da reforma de 2004 usaram para demarcar prédios que existiram ali anteriormente (se não me engano, era no local do Aquário que ali existiu). Eles conseguiram puxar um tubo transmissor de água por trás de uma das pirâmides e ali lavavam roupa e se banhavam. 
Quiosque

A fonte dos jacarés, cuja “reforma” no ano de 2013 consumiu uma verba grande, mantém-se fora de funcionamento e o seu tanque de água continua com vazamento (a intervenção objetivava precisamente conter esse vazamento). 

O lago artificial encontrava-se cheio de folhas e sacos plásticos. O seu fundo, assoreado, em razão de acúmulo de terra e material orgãnico em decomposição. Das mais de sete tilápias rosa com cerca de trinta centímetros cada uma que eu pessoalmente coloquei ali, já não se vê nenhuma.
Quiosque

Os quiosques reformados em 2004, na administração César Maia, estão destruídos. Próximo a um deles – o que vinha sendo utilizado como base de apoio para o Guarda Municipal (que se postava do lado de fora do Passeio quando de minha visita neste dia) -, sob uma vegetação baixa, encontrei destroços de uma cadeira e diversos globos de vidro, réplica dos antigos, mandados instalar por todo o parque e na rua do Passeio. 

Uma das muitas placas documentando a história do lugar e as suas sucessivas transformações encontrei-a jogada ao chão. As demais encontram-se em péssimo estado de conservação. 
Registre-se que semelhante abandono não vem de hoje. As fotos que ilustram essa postagem o documentam – elas foram tiradas em 27/01/2013 pela responsável por este blog.
Pessoa dormindo no interior
do Passeio Público
Fiação exposta e carro estacionado
em seu interior
Para quem não sabe, tanto o Campo de Santana quanto o Passeio Público, ademais de sua importância histórica geral, constituem também importantes espaços de resistência e memória da sociabilidade urbana LGBT, fatos amplamente documentados (Ver, por exemplo, James Green, Além do Carnaval).

Entre a pequena coluna e a grande retiraram
elementos do gradil para poderem entrar e sair.
Na época desta foto ainda estava íntegro, apenas
com a fiação exposta na base da coluna
Lago de urina em seu entorno

Placa em desacordo com a legislação, não trazia data de início e
de término, tampouco o seu custo e o telefone
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