Para lembrar Darcy Penteado e socorrer sua memória

Em 30 de abril, comemoramos 97 anos de Darcy Penteado, artista, intelectual e militante de múltiplas formas e talentos. Como artista, foi desenhista, pintor, ilustrador, cenógrafo, figurinista; como intelectual público, fundou e escreveu no pioneiro Lampião da Esquina, que está no centro da agência pública homossexual/LGBT do final dos anos 1970 e 1980. Darcy entrou para os compêndios estrangeiros de cultura queer como escritor com seus livros A meta (1976), Crescilda e os espartanos (1977), Teoremambo (1979), Nivaldo e Jerônimo (1981) e Menino insone (1983).

Imagem do blog de Moisés Mendes, sem referência ao fotógrafo: https://www.blogdomoisesmendes.com.br/lembrem-se-de-darcy-penteado/

Como militante homossexual, além da escrita pública sobre a homossexualidade, quando “se assumir era um ato revolucionário”, ele emprestou seu capital cultural e seu prestígio à época para as ações necessárias nas lutas do movimento emergente e, no final de sua vida, no movimento de luta contra o HIV/Aids. Darcy Penteado faleceu em 3 de dezembro de 1987.

Imagem do Acervo Memória da Democracia, publicada em SIMÕES, Júlio Assis. O Protesto contra o delegado Richetti em São Paulo in: CAETANO, Marcio... [et al]. Quando ousamos existir: itinerários fotobiográficos do movimento LGBTI brasileiro (1978-2018). Tubarão, SC: Copiart; Rio Grande: FURG, 2018, p. 41. Acervo: Biblioteca Museu Bajubá.

Hoje, Darcy é homenageado nomeando uma modesta praça em São Paulo, na região do centro histórico paulistano, próxima ao edifício Copan e às antigas ruas do gueto gay da capital paulista. Porém, para além daquela homenagem municipal e desta que o Museu Bajubá faz, ele é um intelectual a ser retomado, um artista a ser revisitado e um militante a ser “honrado”/“celebrado” tanto quanto João Silvério Trevisan e outros de seus contemporâneos.

Todavia, seu acervo e sua potencial memória, a ser “redescoberta” e aprofundada, localizados em São Roque, sua cidade natal, nos pedem socorro há um bom tempo. Legado à cidade por Darcy, seu acervo encontra-se em situação de vulnerabilidade, sem adequadas condições de preservação e cuidados que documentos antigos e artefatos artísticos necessitam.

Darcy fez a arte-final de um dos primeiros cartazes (se não o primeiro) conscientizando sobre formas de proteção contra o hiv-aids e combatendo a satanização das práticas sexuais entre homens, promovida pela imprensa. Rev. Manchete, ed. 1787, 1985, p. 103, fotógrafo não citado. Acervo: Hemeroteca da Bb. Nacional.

Para conhecer mais sobre Darcy Penteado: 

MELLO, Sílvia. Contando a arte de Darcy Penteado. (Editora Noovha America, 2005)

Livro introdutório sobre a vida e a obra desse artista, publicado há quase vinte anos, ainda é referência incontornável para se iniciar no universo Darcy Penteado.

No Instagram: @galeriadarcypenteado

Galeria virtual com pesquisa e curadoria de Jaqueline Ferreira, que nos últimos anos tem se dedicado a pesquisar e publicizar o acervo Darcy Penteado em São Roque.

DARCY Penteado. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa5515/darcy-penteado. Acesso em: 30 de abril de 2023. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

Darcy Penteado: mais um dos militantes desconhecidos? Blog Memórias e histórias das homossexualidades. 13 de março de 2010. Disponível em: https://memoriamhb.blogspot.com/2010/03/darcy-penteado-mais-um-dos-militantes.html

Capa do livro de Sílvia Mello. Acervo: Biblioteca Museu Bajubá.
CARROLL, Lewis. Alice no país das maravilhas. Ilustrações de Darcy Penteado. Trad. e adap.t: Regina Stela Moreira Gomes. 7ª ed., São Paulo: Ed. Nacional, 1987, p. 23. Acervo: Biblioteca Museu Bajubá.
PENTEADO, Darcy. Visão plástica de Portugal. 48 desenhos. Exemplar n. 0867. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967. Acervo: Biblioteca Museu Bajubá.
PENTEADO, Darcy. Visão plástica de Portugal. 48 desenhos. Exemplar n. 0867. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967. Acervo: Biblioteca Museu Bajubá.
Foto de Zygmunt Haar. Rev. Manchete, 1108 ed., 1973, p. 98. Acervo: Hemeroteca da Bb. Nacional.

Texto: Émerson Rossi

Revisão: Luiz Morando

Seleção de imagens: Émerson Rossi e Rita Colaço-Rodrigues

Tratamento das imagens e montagem da página: Rita Colaço-Rodrigues

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